domingo, 3 de maio de 2015

Trabalhando a leitura na sala de aula


Supõe-se que o ensino de leitura no 9º ano do ensino fundamental não é trabalhado de forma adequado em todas as redes de ensino. Isso não desperta o interesse do aluno. Ao ser obrigado a ler um texto sem uma prévia contextualização, o aluno fica desinteressado, o que é um problema para o trabalho de leitura. Partindo desse contexto, este ensaio tem como objetivo levantar estratégias de leitura, baseadas em teorias cognitivas, que levem o leitor a se interessar, a entender e, consequentemente, a trabalhar sua visão crítica sobre o texto, especificamente, do domínio jornalístico, que focalizam personalidades ou assuntos familiares aos alunos, manchetes políticas, reportagens esportivas, críticas de filmes, de livros, de discos etc, o que pode favorecer o interesse do aluno pela leitura.

O texto jornalístico por tratar de temas atuais como notícias, manchetes críticas de filmes, livros etc, acionam um fator imprescindível a toda comunicação: o conhecimento prévio, que permite a antecipação e a formulação de hipóteses sobre os fatos e os acontecimentos relatados (KLEIMAN, 2011). Ao ler pela primeira vez uma reportagem, o leitor pode deixar de perceber alguns aspectos linguísticos, pois seu conhecimento sobre a intenção do texto não é ativado para uma leitura mais organizada, de forma que ele saiba em que contexto foi produzido, quem é o público alvo da reportagem. Quando conseguimos perceber o objetivo daquele texto, a busca pela compreensão se torna mais agradável.

A reportagem tem por essência a descrição e a caracterização dos eventos. Para isso a reportagem conta com algumas perguntas que ao serem respondidas formarão a estrutura do texto como o quê?, como?, quando?, onde?, por quê?, quem?, (ARAÚJO, 2015). Sendo levantadas essas questões, o leitor iniciante terá uma base de leitura. Um procedimento inadequado para textos desse gênero é fazer essas perguntas antes da leitura, o que fará com que o aluno só precise passar o olho pelo texto à procura de trechos que repitam o material já decodificado da pergunta. Também outras questões que podem ser levantadas são sobre o objetivo daquele texto.

Quando o professor pede ao aluno que procure adjetivos, sujeitos ou frases exclamativas, por exemplo, no texto, ele faz com que o texto seja apenas um pretexto para o ensino de regras sintáticas, deixando de lado o objetivo da reportagem, seja ele informar, vender um produto, alertar sobre alguma questão, etc, o que faz com que a extração do sentido ou a busca pela intenção daquele texto seja difícil de ser encontrada. Assim a compreensão fica comprometida e a atividade de leitura como busca pelas ideias torna-se uma tarefa difícil. Ela se torna difícil demais justamente porque não fará sentido.

Uma das barreiras que o professor deve enfrentar para ensinar o aluno a ler é a própria resistência do aluno. Aí os textos jornalísticos entram como grandes contribuidores, pois por tratar de assuntos atuais torna a atividade de leitura mais agradável. Quando a atividade de leitura é feita com prazer, o aluno não se torna um leitor passivo, ele não aceitará a contradição e a incoerência.  E para facilitar, antes de começar a leitura, podemos despertar o conhecimento de mundo do aluno, contando uma história que se relacione com o texto, abrir um diálogo com todos os alunos, o que fará com que eles ouçam opiniões dos diferentes colegas e, assim, comecem a criticar as ideias alheias. Com isso, consequentemente, quando o aluno ler uma notícia ou a uma reportagem, por exemplo, ele terá mais facilidade em criticar o que está escrito, da mesma forma que ele se opõe a ideia de seu colega de classe durante as discussões.

Concluo que para que a leitura seja de certa forma um diálogo entre o texto e leitor, exige-se uma prática que estabeleça uma ponte, tendo como resultado a legítima interação, a construção do significado e, consequentemente, um posicionamento crítico do leitor, seja a favor ou contra, sobre o assunto.


Breno Cruz[1]



[1] Graduando do curso de Letras da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Belo Horizonte – FACISABH. Ensaio produzido nas aulas da disciplina “Produção de textos III”.

REFERÊNCIAS


ARAUJO, Ana Paula de. Textos Jornalísticos. In: ARAUJO, Ana Paula de. Disponível em: <http://www.infoescola.com/redacao/textos-jornalisticos>. Acesso em: 28 abr. 2015.

KLEIMAN, Angela. Leitura: ensino e pesquisa. 4. ed. Campinas: Pontes, 2011.

KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. 10 ed. Campinas: Pontes, 2004.


2 comentários:

  1. Por ser um fato o desinteresse dos alunos do 9º ano pela leitura, observa-se a necessidade de um estímulo ao cognitivo para despertar esse interesse aos educandos nessa fase escolar.
    A proposta de contextualização de reportagens jornalísticas considerando o conhecimento prévio dos alunos, pode resultar num debate proveitoso em sala de aula, que consequentemente desperta o interesse dos alunos pela leitura. Por outro lado os textos jornalísticos tendem a posicionar o aluno com a própria realidade, o que faz aflorar o senso crítico de acordo com a realidade de cada aluno, daí a importância do conhecimento de mundo em um diálogo entre o professor, o texto e os alunos.
    Outro ponto importante abordado é a exclusividade de atividades. Ao trabalhar com ensino de leitura, o professor deve destinar o texto somente à leitura e interpretação, sem mesclar com buscas de frases ou classes gramaticais existentes no texto, pois isso pode ocasionar na fragmentação do texto, deixando-o desinteressante.
    Contudo as propostas apresentadas para a melhoria do ensino à leitura têm boas possibilidades de êxito.

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  2. Por ser um fato o desinteresse dos alunos do 9º ano pela leitura, observa-se a necessidade de um estímulo ao cognitivo para despertar esse interesse aos educandos nessa fase escolar.
    A proposta de contextualização de reportagens jornalísticas considerando o conhecimento prévio dos alunos, pode resultar num debate proveitoso em sala de aula, que consequentemente desperta o interesse dos alunos pela leitura. Por outro lado os textos jornalísticos tendem a posicionar o aluno com a própria realidade, o que faz aflorar o senso crítico de acordo com a realidade de cada aluno, daí a importância do conhecimento de mundo em um diálogo entre o professor, o texto e os alunos.
    Outro ponto importante abordado é a exclusividade de atividades. Ao trabalhar com ensino de leitura, o professor deve destinar o texto somente à leitura e interpretação, sem mesclar com buscas de frases ou classes gramaticais existentes no texto, pois isso pode ocasionar na fragmentação do texto, deixando-o desinteressante.
    Contudo as propostas apresentadas para a melhoria do ensino à leitura têm boas possibilidades de êxito.

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